domingo, 20 de setembro de 2009

BERLIM




Julian Schnabel tem das obras mais consistentes que reconheço em cinema e tenho uma certa cautela em etiquetá-lo completamente como realizador – ele é sobretudo um esteta e, como Anton Corbijn (o tal do magnífico Control) deambula em áreas artísticas eminentemente assessórias do cinema: este fotografia, aquele pintura (tem trabalhos expostos no Berardo).

Quatro longas constituem a sua filmografia em que se nota uma constante, o interesse por partilhar histórias reais sobre seres extraordinários: Basquiat, Antes que Anoiteça, O Escafandro e a Borboleta e agora este Berlim, já de 2007. Se os três primeiros são biopics, este último afasta-se dos restantes porque é um documentário sobre uma banda sobre um concerto que tem tratamento de videoclip – a banda é Lou Reed e o concerto é a sua longa aspiração de colocar em película o álbum de 1973, Berlim (que surgiu logo após o magnífico Transformer, Reed com Bowie) que nunca avançou por este ter sido um flop comercial. Reposto agora é o devido com a filmagem do concerto de 2006, ao longo de cinco dias, num armazém de Brooklyn, NY; reconstrução necessária de Reed do álbum agora já de culto.

A faceta artística de Schnabel faz-se sobressair, num interessantíssimo objecto fílmico que acompanha nas suas opções estéticas a complexidade dos arranjos musicais e o debruar sombrio e maneirista de Reed e onde aparece ainda a magnífica voz e vasta presença de Anthony.


ler crítica na TAKE n9 em http://www.take.com.pt

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