sexta-feira, 19 de março de 2010

O SANGUE




















É a primeira longa do excessivamente homenageado Pedro Costa. É de 1989. Tem excelente trabalho de fotografia vindo da época em que se sabia pintar com a sombra - o director de fotografia é Martin Schafer que, estranhamente, vem na página do imdb dedicada a ele como tendo falecido um ano antes do filme ter sido feito.. bizarro. Enfim. Além da fotografia este filme é lixo. É mau. Tem péssima direcção de actores. Tem enormes erros de casting. Péssimo som. Não linearidade numa história que se pretende contar e não que se tenha assumido como não entendível.

Tem evocações a Bergman - mas fica-se pelo querer, tem referência  ao neorealismo italiano (Ettore Scola, bla bla) mas perde-se em pretensiosas interpretações e não chega a lado nenhum. É doloroso ver este filme com o som correndo - mas doloroso numa maneira má, não numa maneira boa como em Cronemberg. Sugiro que se o veja sem som, com o som desligado e apreciar o excelente trabalho artístico que é a fotografia, porque o resto do filme é absolutamente mau! Nem a utilização dos edifícios dos Olivais de Raul Hestnes Ferreira ajudam a compor mais que um péssimo trabalho que foi financiado publicamente e que é elevado aos píncaros dentro da elite intelectual portuguesa. Porquê? Barriguices - umbiguices. 

Além da fotografia a única coisa que escapa - faço aqui uma pequena vénia e um apontamento merecido - é a interpretação de Nuno Ferreira no papel de Nino (o do cartaz). É pena que tenha sido o seu único filme, seria certamente melhor actor que muitos dos outros que passearam falta de qualidade neste filme e que vieram a fazer dezenas e dezenas de filmes.  Como curiosidade, aparece também Manuel João Vieira no seu primeiro papel em cinema.

Visto em Lx - Flores Cinema

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DUNE (livro)



















Não escondo que me senti ofuscado pela obra de Lynch (Dune - 1984) ao ler o livro original no qual se baseou, este Dune de Frank Herbert escrito em 1965. Se o processo tivesse sido o inverso - ou seja, se tivesse lido o livro e depois o completasse com o filme - porventura seria mais um dos fãs a clamar pela cabeça de David Lynch por se ter esquivado a fazer uma total fiel adaptação ao cinema. Mas o processo foi o contrário e foi o filme de Lynch que me abriu o apetite para este; e este que me fechou algumas áreas cinzentas ocultas no filme de Lynch

O livro é não menos do que genial - tornou-se o paradigma, a epítome do género sci-fi que surge original em referências proto-medievais aos povos judaico-cristãos e ao misticismo pré-árabe (em contraste com o corrente do género em que o futuro é o objectivo e ponto focal e não o veículo para conter uma história). As iniciais preocupações ecológicas de Frank Herbert frutificaram para uma saga contaminante que se lê em dias - interessante verificar a proximidade das figuras centrais, a Casa Atreides à mitologia Helénica dos Átridas.

Leiam - serão fãs instantâneos.

Lido por LX

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CHILDREN OF DUNE



















Outra minisérie saída do universo Dune e que se foca nos livros seguintes e à continuação da história do livro Dune de Frank Herbert. O baixo orçamento investido percebe-se imediatamente e a série falha também em péssimas interpretações (nem Susan Sarandon se safa). É interessante para um fã do misticismo de Dune mas torna-se também a sua óbvia desilusão - pois não se consegue captar em toda a sua verdadeira dimensão. 

Agora que foi anunciado um novo projecto Dune, a ser realizado por Peter Morel (Banlieue 13) e a sair em 2012, espero que a saga de Herbert encontre uma justa passagem para o cinema que só encontra paralelo no ostracizado Dune de Lynch.

Visto por LX

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DUNE (extended)




















Surge aqui o comentário porque esta versão extended é bastante diferente da original de David Lynch de 1984. E é extended e não director's cut porque Lynch não participou nem aceitou esta edição feita unicamente pelos estúdios, obrigando até a substituir o seu nome dos créditos da direcção e do argumento, substituídos como Alan Smithee e como Judas Booth, respectivamente (é notória a insatisfação de Lynch aqui).

Aumentada em cerca de 30 minutos (versão anterior tinha 137 e esta tem 189, mas com créditos em duplicado) foi preparada pela Universal para a televisão e depois trabalhada para edição extended em DVD, com outras partes não incluídas nessa primeira versão. Existe ainda uma versão que junta todas as diferentes versões e que está disponível apenas online, via YT e que é uma fanedit

Diferenças substanciais é a expansão das personagens de Gurney Halleck e de Shadout Mapes e o final alternativo - colado na íntegra ao original do livro (e que de certa maneira me deixou desapontado, eu que me habituei ao filme de 1984). É no entanto uma versão cativante e mesmo que Lynch se tenha afastado do projecto - a sua marca é mostrada aqui em toda a sua glória.

Vista por LX, aqui e ali. 

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FRANK HERBERT'S DUNE



















Após toda a expansão do universo do Dune para o mundo dos jogos e ainda baseado nas tentativas de Lynch em fazer uma sequela - pois o livro de Herbert e a sua continuação seriam impossíveis de conter num filme só - surgiu com naturalidade uma versão televisiva em formato de minisérie que segue o mesmo período de tempo do filme Dune de 1984 e que corresponde ao primeiro livro da saga.

Perdeu-se muito da imagética criada por Lynch mas é também verdade que esta obra se aproxima muito mais ao livro, daí até o ter sido chamada de Frank Herbert's Dune (2000). É-me muito menos atractiva e a interpretação fica a léguas da do filme - num elenco que conta de actores conhecidos apenas com um cinzento William Hurt - e não falha completamente pois se cumpre a colagem ao mundo e iconografia medieval pretendida por Herbert

Vista em LX

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DUNE




















David Lynch surgiu de para-quedas num projecto que andou saltitão de produtor em produtor e de realizador em realizador. Já antes tinha sido alinhado Ridley Scott para passar a saga de Dune (começada a publicar por Frank Herbert em 1965) para o cinema. Ridley Scott deixou o projecto – para realizar o Blade Runner – por antever trabalhos de pré-produção ciclópicos na esteira do que já tinha sido tentado por Alejandro Jodorowsky (Holy Mountain) num filme que teria sido megalómano. Este não-filme juntou HR Giger (que desenhou as famosas cadeiras Harkonnen para este projecto), Moebius, Dan O' Bannon (argumentista de Alien, que seria dirigido por Ridley Scott), David Carradine e Salvador Dali.

Este filme de Lynch acompanhou-me desde sempre – faço uma compilação agora sobre o tema para um artigo e acabo por descobrir diversas derivações ao livro de Herbert. Este Dune (1984) é de todos o que é menos fiel ao livro e foi por isso rechaçado por críticos e fãs. O que teria sido entendido como a primeira de uma saga com várias sequelas acabou por se ficar por apenas este título – Lynch ainda trabalhou durante algum tempo numa primeira sequela, mas ficou-se pelo papel.

A liberdade criativa de Lynch surge explícita na reformulação do weirding way e na introdução de alguns elementos novos como os weirding modules – e, apesar desse afastamento, foi este filme que com o tempo se tornou de culto, que democratizou o acesso ao universo Dune e que o expandiu para jogos (Dune, Dune 2, Dune 2000, Emperor of Dune) e séries televisivas (Frank Herbert's Dune e Children of Dune).

O filme é notavelmente atraente e muito bem protagonizado com um elenco que conta com Kyle Mac Lachlan, Patrick Stewart e até Sting. Tudo foi realizado como uma obra de arte numa ópera rock no deserto e o filme é magnífico, com uma atenção de detalhe em todos os aspectos. Os detractores afirmam que esta é uma falhada homenagem aos livros de Herbert – mas além de o ver com uma justa homenagem, vejo-o como uma extraordinária passagem da saga do planeta Arrakis e da spice melange para o grande ecrã. 

Visto desde sempre.  

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O TIGRE E O DRAGÃO





















Grandioso, épico, mitológico e físico filme - um dos dois de Ang Lee que vi ultimamente sendo o outro o Eat Drink Man Woman já aqui comentado (Comer Beber Homem Mulher de 1994 e que já tem remake americano chamado de Tortilla Soup de 2001). 

Este Wo Hu Cang Long (2000), chamado pelo mais conhecido título americano de Crouching Tiger Hidden Dragon abriria totalmente as portas de Hollywood a Ang Lee já depois do Sense and Sensibility (1995) e depois com Hulk e com Brokeback Mountain.

Ang Lee é um realizador extraordinário, um daqueles dignos de não ostentar obviamente um sinal de marca, espraiando-se por todos os géneros possíveis dentro do cinema, versatilidade máxima. O mais incrível é que consegue manter o nível de qualidade padrão dos filmes que dirige muito acima do regular ou médio seja em que formato esteja a trabalhar.

Visto nas Flores Sessions, Lx

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IMPERDOÁVEL




















Unforgiven (1992) protagonizado e dirigido por Clint Eastwood foi o regresso deste à temática do Oeste num registo de homenagem a Leone mas bem sendimentado no cinema americano. Um homem atormentado pelo passado (mas agora com nome, Munny) é obrigado a recuperá-lo e à força de bala vingar-se do vilão na pessoa de Gene Hackman. O filme é bom na sua violência e simplicidade.

O melhor deste filme é a referência à literatura romanceira (frontier stories - western fiction) dedicada aos pistoleiros do Oeste - na sua grande maioria extrapolada e exagerada, como no casos de Buffalo Bill Cody e de Louis L'Amour. Recordei-me também agora de um excelente filme que tenho que comentar brevemente - o Dead Man (1995) de Jim Jarmusch com Johnny Depp e que também se passa no Oeste, filmado num atraente e sombrio preto e branco.

Visto por ali.

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O REBELDE DO KANSAS




















No seguimento do seu trabalho com Leone e que lhe terá deixado "um bichinho" pelo Oeste selvagem americano, empreendeu Clint Eastwood o fillme The Outlaw Josey Wales (1976) que viria a ter continuação já sem Clint no The Return of Josey Wales de 1986. O próprio Clint voltaria ao tema no seu aclamado Unforgiven.

Trabalho regular e de algum modo interessante. Se bem que mais violento graficamente que os filmes de Leone, este filme é menor nesse aspecto do que os deste realizador pois nesses a violência transpirava-se em pausas e ritmos de espera. A violência é mais violenta (passe o pleonamo) quando em compasso de crescendo de espera do que quando é explícita. 

ADENDA
16/02/10

Assim como também no High Plains Drifter (1973) - na personagem do The Stranger e no Pale Rider (1985) - na misteriosa personagem do The Preacher, ambos dirigidos e protagonizados por Clint Eastwood.

Visto aqui e ali. 

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ACONTECEU NO OESTE




















Ao encerrar a Trilogia do Homem Sem Nome e tendo o projecto de Aconteceu na América  (seria realizado somente em 1984, com o título original de Once Upon a Time in America) em carteira, foi Leone convencido pelos estúdios a  produzir mais uns títulos dentro do género Spaghetti Western, agora aclamados nos Estados Unidos. Com aquele título em mente, decidiu o realizador produzir mais uma trilogia em que o Aconteceu na América seria o corolário cronológico e último tomo da série. 

Já com o orçamento multiplicado em relação aos filmes anteriores, surgiu este primeiro C'era una volta il West (1968), seguido pelo Giù la testa (Aguenta-te Canalha, 1971) e o Once Upon a Time... já referido, intercalado por um Il mio nome è Nessuno (1973) que não se inclui nesta trilogia dedicada à América. 

Tal como no O Bom, o mau e o vilão anterior, neste filme surgem três personagens em disputa que são contrabalançadas pela presença de uma mulher (a lindíssima Claudia Cardinale). Charles Bronson toma o lugar de Clint Eastwood como o homem bom e sem nome (é chamado de Harmonica no crescer do filme),  Jason Robards é o bruto como Cheyenne e Henry Fonda o vilão, como um muito credível Frank. Ao contrário da Trilogia dos Dólares no entanto, em que era o dinheiro o catalisador para a acção e história, aqui a personagem de Harmonica é movida pela vingança em relação a Frank

Obra prima do género e um dos meus filmes favoritos de todos os tempos, encontro milhentas qualidades neste filme que foi filmado em inverso sobre a banda sonora de Morricone: as faixas eram postas a tocar em set e os actores movimentavam-se de acordo com a cadência sonora. Obra magistral, é uma ópera da morte no Oeste selvagem - foi filmada ainda no Sul de Espanha e de Itália como é apanágio do género (aproveitando ainda uma construção que tinha sobrado de um filme de Orson Welles), mas os interiores foram filmados em Roma na Cinecittá e algumas tiradas exteriores já nos Estados Unidos, em pleno Monument Valley. 

Além de Leone a história (de que depois foi adaptado o guião) foi escrita também por (vejam isto), por Dario Argento e Bertolucci! A lentidão forçada da câmara de Leone, os close ups nas cenas de tiroteio e os longos silêncios intercalados por som ambiente dão ao filme um ritmo perfeito em que o mais marcante não é o que acontece, mas o que se adivinha como iminente. É um verdadeiro monumento ao Oeste americano, ao empreendedorismo dos colonos e ao avanço do cavalo de ferro pelas pradarias, forjado a sangue e a balas.

Falta referir a escola que este filme fez - com inúmeras referências e homenagens. Clint Eastwood realizaria e protagonizaria o The Outlaw Josey Whales (1976) e mais tarde o multi-premiado Unforgiven (1992). Robert Rodriguez faria a sua trilogia do El Mariachi, Desperado e Once Upon a Time in Mexico, Tarantino é devedor de Leone na saga Kill Bill e os Coen fariam o No Country For Old Men.

Visto aqui e ali.

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O BOM, O MAU E O VILÃO


















E eis que com o último filme da trilogia do Homem Sem Nome e já com a aclamação americana, Sergio Leone constrói uma obra-prima do género. Neste Il Buono, Il Brutto, Il Cattivo (1966) Leone viu surgirem convites de Hollywood que levaram à seguinte trilogia já feita com um budget nada normal para os filmes do género. 

Sempre acompanhado pela excelente banda sonora de Ennio Morricone, Lee Van Cleef passa aqui a interpretar um odioso vilão (Il Cattivo - do italiano para mau mas que para português foi traduzido para vilão e que serve) em contraste com o filme anterior da trilogia., onde protagonizava uma personagem de meio espectro de bondade. Clint Eastwood (Il Buono - o bom) é chamado de blondie pela boca de Tuco (Il Bruto - traduzido injustamente para mau, quando deveria ser literalmente bruto). Os três homens percorrem o Oeste entre a Guerra Civil Americana em busca de um tesouro enterrado por um soldado, competindo, aliando-se e sucessivamente traindo-se.

É de notar que normalmente os filmes Spaghetti Western tomam como objecto a guerra entre o México e o Texas ou entre o México e os Estados Unidos e baseiam-se sempre em cenários de fronteira do Texas ou Novo México devido aos actores italianos e espanhóis utilizados.


Visto aqui e ali. 

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POR MAIS ALGUNS DÓLARES
















Neste segundo filme da Trilogia do Homem Sem Nome (ou dos Dólares) regressa Sergio Leone e com ele Clint num registo de muito maior qualidade do que o primeiro - passa aqui a ideia de maturidade por parte de Leone onde se destacam em maior detalhe algumas características que marcariam a sua cinematografia. 

Aqui é também apresentado um excelente Lee Van Cleef que seria um convincente vilão no último filme da trilogia mas que aqui surge pacífico (o quanto possível que é dado ser a um gunman - lawman) ao lado de Clint ajudando-o nos seus esquemas de caçador de prémios (ambos são bounty hunters). Neste Per Qualche Dollaro in Più (1965) as personagens tornam-se também mais densas cedendo espaço à construção de um imaginário individual que permite adivinhar mais (motivos - passados - histórias pessoais) do que se permite entrever entre disparos de revólver em duelos e tiroteios; algo que vai bastante além do arquétipo de Spaghetti Western.


Visto aqui e ali. 

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POR UM PUNHADO DE DÓLARES




















Foi para escrever um artigo de fundo dedicado ao sub-género Spaghetti Western (Western Spaghetti ou o também chamado de raramente Italo Western) que revi os filmes de Sergio Leone a que serve essa etiquetagem. Longe de ter lançado o género foi com Leone que este atingiu qualidades que não faziam parte de um tipo de filmes que se resumem por terem muito baixo orçamento e por se caracterizarem por equipas de filmagem mistas espanholas e italianas (ou apenas italianas) e por serem filmados sobretudo no Sul de Itália ou no Sul de Espanha.

Neste Por Um Punhado de Dólares (Per un pugno di dollari - 1964) lança-se Leone na sua Trilogia dos Dólares ou Trilogia do Homem Sem Nome, títulos que lhe abririam as portas de Hollywood e que garantiriam o estrelato futuro para um  jovem actor chamado de Clint Eastwood (o tal homem sem nome). 

Sendo reverente a Kurosawa, este é de longe o filme que menos aprecio entre os que Sergio Leone dirigiria dedicados ao Oeste (6 - um deles co-realizado e sem créditos ao realizador italiano).

Visto aqui e ali. 

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ÁGORA





















Este foi o filme mais remotamente honesto que me recordo de ter visto sobre a época clássica. Dos que me vou recordando enquanto componho estas linhas não encontro nem um em que o interesse histórico e a curiosidade fílmica não tenham sido ultrapassadas por um gosto demasiado acre a falta de rigor histórico - mas convenhamos, um filme é um produto comercial e alguns dos ingredientes acrescentados e alterado a/em, e citando alguns de memória como exemplo, Gladiator, Cleópatra, Spartacus, só os fizeram ficar mais apetecíveis enquanto produto e portanto, mais apetecíveis para o público.

(...)

Frase : Amenábar, agora em estilo internacional.
Classificação : 4

Ver restante crítica na Take n22 aqui : www.take.com.pt

Crítica alterada e composta para publicação (aparte primeiro parágrafo todo o restante texto foi refeito na íntegra)

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Selecção daqui >

http://lendaselegendas.blogspot.com

A SCANNER DARKLY




















Não sei se deva começar a incluir fichas técnicas nos artigos - se receber três sim, então sim, senão não. Também a inclusão de enlaces (uma das palavras que temos disponíveis na nossa língua para designar links) é uma trabalheira. Não sei se os inclua, esse copipastear em arroto de teclas é um conturbado cansaço para mim. Enfim, filmes.

Uma colisão entre alguns poucos filmes de que me vou recordando é o que me ocorre, agora que evoco este filme de Richard Linklater e também enquanto vou formando linhas que se espremem do meu pensamento. Um pouco de Traffic - um travo a Naked Lunch (tanto filme como livro, leiam e vejam mas protejam-se bem) e ainda Rush a saltitar num filme adaptado dum livro de Philip K.Dick. Esse mesmo, o do magistral Blade Runner e do mais recente RM. A droga e a possibilidade de demência por ela induzida lado a lado, a luta constante e a assumpção da batalha perdida por parte de quem a combate diariamente e finalmente - o polícia, que se infiltra no submundo para que o contamine por dentro e por ele acaba contaminado.

Além de ser uma boa história habilmente contada por Linklater - terei que ler ainda o livro - este optou também e à maneira de Waking Life, por usar a técnica do Rotoscoping (desenho sobre acção real filmada). Se no Waking Life a técnica resulta necessariamente pela beleza estética e curiosidade técnica que se procurava, aqui acaba por ser uma nova camada de irrealidade a juntar à já bastante abstracta visão do mundo da personagem central - simultaneamente polícia infiltrado, traficante vigiado, terrorista acusado, vigilante dele próprio enquanto polícia e viciado na fictícia substância D.

Se a descrição não passa uma ideia de que é suficientemente confuso, o filme pode ser mesmo mais do que ligeiramente perturbador. 

Visionado nas Flores Sessions - Lx

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EAT DRINK MAN WOMAN




















Magnífico filme de Ang Lee - um dos três da sua fase de Taiwan, antes da aclamação com Brokeback Mountain, e que o  revelou um realizador detentor duma irregularidade bastante curiosa, no meu entender.

A sequência inicial em que o protagonista prepara o jantar de Domingo é encantatória - Chu esmera-se na cozinha pois é a forma que tem de comunicar com as suas três filhas, e é pelo detalhe da confecção, pelo esmero que tem na cuidada mistura dos ingredientes e na obtenção do sabor perfeito dos seus elaborados cozinhados tradicionais chineses que ele (mestre cozinheiro semi-aposentado) lhes tenta chegar.

Os jantares de Domingo são um ritual a que as filhas tentam silenciosamente escapar - ele, viúvo e com o seu mais necessário sentido desaparecendo, o paladar. Elas, três irmãs tão diferentes entre si no que fazem em vida mas tão idênticas no que buscam - o amor. O pai lentamente se vai aproximando delas à força de garfadas de vida enquanto que para cada uma delas a composição do prato do amor se prepara com resultados bem distintos, ora em excesso de tempero, ora em perfeição para o palato, ora agridoce ou insonso e talvez ainda bem amargo.

Os filmes que nos conquistam pela boca, os filmes que no enchem os olhos, os filmes que vivem de afeições de sabores, de cozinha, de tachos e panelas e dedicações às papilas gustativas. Lembrei-me agora assim de repente de Chocolate e do Como Água para Chocolate, filmes desde livros onde é o paladar (e o olfacto e a visão e até o tacto - que os sentidos dançam todos em proveito do estômago) o centro do prazer. Ou ainda, lembrei-me agora, do truculento O Cozinheiro, o Ladrão, a Sua Mulher e o Amante Desta. A vida é um prato - há que a saborear demorada e prontamente. Ou engasgarmo-nos no processo.

Visto na Flores Sessions , Lx

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OS HOMENS QUE ODEIAM AS MULHERES (filme)




















Depois de ler o livro de Stieg Larsson - o primeiro da série Millennium com o nome de Os Homens que Odeiam as Mulheres, traduzido para inglês com o título The Girl with the Dragon Tattoo, vi agora o filme sueco-dinamarquês que é a primeira das adaptações ainda escandinavas. Nunca esperei vir a dizer que anseio pelas versões americanas e que sairão algures durante o próximo ano, para que se apague da minha memória esta péssima adaptação que vi ontem.

Além de centrar toda a história em torno de Lisbeth Salander - a tal da tatuagem com o dragão, aproximando-se aqui do Red Dragon - a história perde-se em infinitos detalhes que a deixam a  perder em relação ao livro. É certo que seria tarefa complicada transportar para o cinema uma obra de 500 e tal páginas e tão densa em personagens, genealogias e acontecimentos. Mas poderiam ter feito muito melhor, até porque lhe aponto dois grandes e graves erros:

1 - o filme foi feito para quem tenha lido o livro - fãs, portanto - mas apaga-lhe características importantes que - ironicamente - fizeram com que o livro fosse o sucesso que fosse. Assim nenhum fã ficará satisfeito e quem veja o filme sem ter lido o livro terá que recorrer a este para preencher os muitos buracos da história.

2-  o guião é ele todo um grande erro! Aponto-lhe milhentas falhas que fazem perder o filme em relação ao livro. E se é certo que um filme nunca poderá chegar à densidade que um livro oferece, este poderia e deveria ter ido mais além na construção do livro de Larsson e na sua muito esperada passagem para o cinema. Além do notório erro de casting na selecção da actriz para Lisbeth (eu vejo-a como a Nikita de Besson e como tal seria perfeita - misto de adolescente púbere e femme fatale, tal como no livro) outros erros saltam à vista, como geográficos (a ilha que funciona no esquema de sala fechada como nos clássicos da literatura policial) e que aqui não é assim mostrada, as relações de Michael que são importantes para o fluir da história e para os avanços das suas descobertas (e que no filme desapareceram) e muitos outros (como o polícia estar ainda no activo, as imprecisões de nomes e passados, o revelar tardio da morte de Gottfried, a morte precoce de Anita, etc).

Este filme é um rotundo falhanço e uma péssima homenagem ao livro. Venham os americanos, por favor!

Visto por LX - Flores Sessions

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BUFFALO 66




















Vi finalmente o filme Buffalo 66 de Vincent Gallo - produzido, realizado, composto e protagonizado por este. Agora falta-me o The Brown Bunny - o polémico TBB. Buffalo 66 é um bom filme, é aquilo que esperava, ou seja, um pequeno épico sobre um anti-herói marginal - oprimido, acossado, abusado, agressivo, à margem da sociedade e completamente ignorado pelos pais.

Ao sair da prisão e na expectativa de reencontrar os pais - que acreditam que ocupa posição de destaque num serviço governamental - encontra uma rapariga para que se faça passar por sua mulher. É necessário dizer que o seu interesse é eliminar o jogador de futebol que falhou uma jogada no SuperBowl fazendo com perdesse uma aposta - tendo para isso e para pagar uma dívida para com o mafioso que lhe deu crédito (um pequeno papel de Mickey Rourke) tomar culpa e ocupar o lugar de um criminoso na cadeia. É necessário dizer também que a rapariga que rapta acaba por se apaixonar por ele e em isso, relutantemente, ele lhe retribui.

Falhando na vida, falhando como marginal e afectivamente um desastre é dessa partilha do seu difícil progredir diário que vive o filme. E é bom, é um road movie urbano - um Kerouac feito filme que me lembra o díptico do Coppola - Rumble Fish e o The Ousiders, mas com um homem só.

Visto nas Flores Sessions, Lisboa

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ÁGORA





















Este foi o filme mais honesto que me recordo de ter visto sobre a época clássica. Dos que me vou recordando enquanto componho estas linhas não encontro nem um em que o interesse histórico e a curiosidade fílmica não tenham sido ultrapassadas por um gostinho demasiado acre a falta de rigor histórico. O recurso à espectacularidade é desnecessário, mas convenhamos, um filme é um produto comercial e alguns dos ingredientes acrescentados a (por exemplo) Gladiator, 300, Cleópatra, Ben Hur, Quo Vadis, Spartacus e outros tantos, só os fizeram ficar mais apetecíveis enquanto produto e portanto, mais vendáveis.

Em Ágora encontram-se alguns retoques ao guião com esse propósito mas nada que o estrague verdadeiramente, até porque a incursão americana de Amenábar não é assim tão profunda (desde The Others e seguido por Mar Adentro). Ágora conta a história da filósofa / astrónoma e matemática Hipátia de Alexandria no Século IV. Encontramos o Império Romano em decadência e em plenas lutas religiosas - os diversos grupos confundem-se com os estratos sociais e afirmam-se com crescente extremismo e violento antagonismo. Se os pagãos são ainda a classe política e intelectual dominante dos cidadãos patrícios romanos e os judeus os comerciantes, são os cristãos - ainda não divididos pelo primeiro Cisma - que constituem o grosso das classes baixas e da classe escrava. Enquanto o Império se desmancha é no seu seio, muito alimentado pelas diferenças económicas e sociais, que frutifica a religião cristã em detrimento das anteriores divindades (e hierarquia social) do Império. Hipátia pertence à classe dirigente de origem helénica - ensina na Biblioteca de Alexandria e preocupa-se apenas com o avanço do conhecimento filosófico, longe das terrenas questões teológicas.

A história de Hipátia - que se encontra documentada - é extremamente bem contada e serve para nos introduzir dentro da época conturbada de então, o rigor histórico é extraordinário (sobretudo na reconstituição da cidade de Alexandria e da sua biblioteca, por via de maquetes e computação gráfica), os desvios são mínimos e destinam-se a adocicar a história (a morte de Hipátia é bastante mais leve no filme do que o foi realmente - presume-se) e a tornar o filme emocionalmente mais acessível (o amor platónico do escravo de Hipátia por esta e o seu interesse pela astronomia). O único erro que aponto a Amenábar é a recriação do líder religioso cristão como um fanático - o que até pode não andar muito longe da verdade, não fosse a actuação do actor se aproximar perigosamente à ideia que temos de extremista e terrorista.

O filme é excelente e recomendo. Deslumbrem-se como eu com as vistas aéreas de Alexandria.

Visto contigo - Picoas, LX

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AVATAR





















Não é arbitrário que eu considere Avatar insuficiente e não o considero assim por tomar de ponta o cinema dito “mainstream” norte-americano (ou seja, os filmes saídos do ventre da poderosa máquina dos estúdios norte-americanos - lide Hollywood - em oposição ao cinema independente americano e em forte contraste com o cinema europeu e os fenómenos Bollywood e Nollywood).

É precisamente por ser um seguidor entusiasta do cinema de aventura e entretenimento com o qual etiqueto Avatar (definitivamente mais próximo na forma de um Indiana Jones do que de um Star Trek), que o questiono por ser exigente com esse formato - não destacando um cinema de autor em detrimento de um cinema de massas. É exigência e não purismo, pois seria absurdo apelar a uma pureza num género que se resume em não se resumir.


A primeira metade do filme começa bem - somos levados até ao universo luminoso e hostil do planeta Pandora através da personagem central de Jake Sully, um marine paraplégico que é integrado no projecto Avatar. Avatar (do sânscrito para descida - encarnação e divindade) é o programa iniciado pela equipa de cientistas terrestres para interagir plenamente com a raça autóctone humanóide dos Na´vi - pois a atmosfera do planeta é tóxica e os próprios Na'vi são além de avessos a interferências exteriores também fisicamente bastante diferentes dos intrusos humanos. É criado um corpo híbrido - o avatar - combinando material genético terrestre e Na´vi que serve de veículo para que os cientistas estudem o planeta mais tranquilamente, mediante a transferência de consciência do humano e a sua perfeita fusão com o seu hospedeiro avatar (o que permite que Sully seja plenamente funcional). A descrição de Pandora como paraíso habitado por uma raça mística em comunhão com a natureza é entrecortada com a crescente ameaça militar por parte dos colonos terrestres ávidos pelo precioso mineral unobtainium, do qual infelizmente um dos maiores depósitos repousa no subsolo da morada ancestral da tribo Na´vi retratada no filme.

A tensão que se vai estabelecendo entre a pesquisa pacífica interessada e o da mineração comercial interesseira (suportada na máquina de guerra terrestre) e a relação destes dois poderes antagónicos com os Na´vi é o esqueleto de um filme que se pode assumir como libelo ecológico e de clivagem cultural. A situação que se degrada rapidamente entre um povo mais avançado (terrestre) e outro considerado de arcaico (Na´vi) assume contornos de colagem ao que aconteceu entre os povos nativos americanos e os europeus (é óbvia a reminiscência que encontramos nos Na´vi com os povos ameríndios desde a linguagem ao folclore e ao seu equilíbrio com a fauna e flora de Pandora). Além desta referência genérica Cameron baseou-se em diversas outras - segundo suas próprias palavras - que o acompanharam na infância e juventude. Tal imaginário é explícito com exemplos facilmente identificáveis como Dune (Na´vi como Fremen, Spice Melange como unobtainium, Pandora como Dune...) e as sagas Starwars e Senhor dos Anéis, entre outras. A avidez mercantil dos colonos terrestres é também equiparável à da viciosa Company da saga Alien - à qual Cameron muito acrescentou.


Esta recolecção do realizador não oprime o filme e é um contributo até necessário para uma identificação mais imediata da audiência com a atmosfera própria de Avatar. Até porque um filme será sempre uma combinação da cultura cinematográfica daqueles que o antecederam. Temos então uma epopeia ecológica capaz, sustentada numa história e ambiência interessantes e com características bastantes para divertir (e até deslumbrar) o espectador. O filme podia ser eloquente, mas não é. Começa perfeitamente, baseado em premissas atractivas e os factores que poderiam ser castradores do género (como a falta de profundidade das personagens e o recurso desenfreado à tecnologia) só lhe acrescentam e não fatigam.


Porquê então o considerá-lo insuficiente? É precisamente a partir do momento em que a personagem Sully se assume como messiânico salvador e protector dos Na´vi que se deixa tudo a perder. O factor Rambo enfastia assim como também a busca identitária por um super-homem invencível e extraordinário. A demanda do ícone é a queda do filme e o que o faz embrulhar-se sobre si próprio sem uma resolução inteligente. A Ripley de Alien sofreu escoriações e até Indiana tinha dias não - mas Sully ocupa com facilidade o lugar de semi-deus entre os Na´vi. Um filme que poderia ser muito acaba por ser menos do que poderia ser ao ser trapalhão com a evolução da sua improvável personagem central. Cameron poderia ter escolhido enveredar por uma construção psicológica e relacional ao estilo de anti-herói mas decidiu atribuir-lhe mais de simpatia e de divino (e com alguma imbecilidade à mistura) num misto de Costner de Dança com Lobos, Stallone de Rambo III e de Pata-Jaguar de Apocalypto. E isso contribui para uma segunda metade do filme que deixa o sabor a insatisfação.


Apesar de tudo mantém-se a sugestão para que o vejam - mesmo que seja considerado como de qualidade (final e global) inferior. E ao verem-no, vejam-no em 3D - a experiência será duradoura. 


frase :: James Cameron e (a sua caixa de) Pandora
classificação :: 2  

Leiam a crítica na Revista Take n21 em http://take.com.pt

UNS BELOS RAPAZES




















A curiosidade maior é ver que este filme é uma adaptação do comic realizado pelo próprio Riad Sattouf - que recupera a sua obra e aqui a transforma em filme. A paisagem de subúrbio francês é facilmente perdida em devaneios de acne e de bullies de escola e o que poderia ser uma possibilidade interessante para escalpelizar as diferenças sociais e culturais francesa é perdida - assumindo que existem e não apenas as aflorando sem as escavar minimamente como aqui.

Eu não peço um novo La Haine nem peço que tudo o que venha deste meio se preocupe em mostrar o feio e o real - mas também estou farto de filmes ocos em que o acontecimento mais explosivo seja o de o rebentamento de uma borbulha ou o espionar dos vizinhos da frente enquanto se banqueteiam em sexo.

Apesar de tudo, gargalha-se neste filme - mas só. A secura de garganta veio depois e ao me perguntarem que descrevesse com alguma exactidão o que tinha visto já as palavras se atropelavam tentando constituirem-se em frases. É difícil resumir o não resumível por falta de substância. Ficou o grito pela aparição dos primeiros pêlos púbicos.

Visto no King - LX

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RIDICULE




















Ridículo é ter visto um filme que podia até ser sido interessante com legendagem em inglês mal feita. Como o filme vive do jogo da palavra, do axioma e da parábola e o meu francês não lhe chega a tanto - vi-me limitado a pouco mais do que ir entendendo a espaços o que esta obra de intriguismo palaciano e de alcova ia discorrendo.

Sub-titulagem em francês teria sido melhor e perde-se a hipótese de lhe achar apenas alguma graça quando poderia ser mais do que engraçado. Similar no estilo a um Barry Lyndon e recordando-me na forma o Ligações Perigosas ficou no entanto o sabor de algo que faltava - o esquivar a uma conclusão capaz contribuiu para tal, mas assumo que o não entendimento total do jogo da linguagem de que vive o filme tenha talvez feito com que dele não gostasse.

A repetir.

Visto em LX - Flores Sessions.

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O LAÇO BRANCO












Palma de Ouro de Cannes em 2009 e multi-premiado filme austro - whatever - alemão, este não é decididamente um filme tipo de Haneke. Mais do que um filme delimitado por desconfianças territoriais, financiado a partir de diversas localizações europeias, contando com um alinhamento de actores sobretudo austríaco, filmado e retratando uma cidade alemã - o filme é de Haneke e também um produto europeu.

Tem condimentos de Haneke mas afasta-se do que poderia ser categorizável como absolutamente seu. Mais do que um produto com uma marca - é este filme uma marca e deixa alguma marca. A vida de província corre monótona a preto e branco mas é interrompida por pequenos crimes que permanecerão por decifrar. Assiste-se a movimentos sub-reptícios e demasiadas palavras que ficam por dizer - ou umas quantas outras que se gritam quando não eram necessárias - e a atmosfera geral é pesada, claustrofóbica e geradora de confusão. Haneke portanto. Mas falta-lhe bastante mais de jogo mental e de mal-estar para que sejam mais do que uns simples "Funny Games".

O postal que é gerado preocupa-se mais em mostrar a vida pachorrenta e a tempos brutal de uma vilória germânica pouco antes do eclodir da primeira grande guerra.

Visto em LX - Flores Sessions

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OS HOMENS QUE ODEIAM AS MULHERES




















Foi-me oferecido e apresentado como um libelo feminista, coisa que vim a verificar não corresponder - com exactidão - à verdade. Este é um livro de literatura policial sueco e, passe as curiosidades, escrito nas horas vagas por Stieg Larsson, activista feminino e social que faleceu ainda antes de os livros - este é a primeira parte da trilogia Millennium - fossem publicados. Depois de um sucesso de vendas galopante em 2008 e depois também de adaptados ao cinema na sua língua materna, já se fala de adaptações americanas (surge sempre um remake made in Hollywood quando o hype gerado é dramático como aqui foi).

Gostei verdadeiramente do livro e mal posso esperar pelos restantes e pelos filmes - que me preocupo em sacar ainda antes que estreiem todos. Fiquei contaminado pela personagem central, pela anti-heroína Lisbeth Salander (lembra-me Nikita do Luc Besson) e pelas atribulações da demasiado disfuncional família Vanger. É uma leitura que recomendo vivamente. Só para que percebam ao grau que cheguei de avidez ao lê-lo é que me tomou apenas três dias e o romance tem 500 e pico páginas.

Lido por LX


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