
intro
O
filme anglo-americano Let
Me In
(2010) não poderia ser introduzido sem lhe referir a ascendência
sueca, ou seja, a parelha livro/filme escritos por John Ajvide
Lindqvist que lhe serviram de base e com título internacional de Let
The Right One In (filme
por Tomas Alfredson de 2008 que teve estreia comercial em Portugal
sob o nome Deixa-me Entrar). Este é um mais do que assumido
orgulhoso remake
em que a história e as personagens são adaptadas para o público
americano e com ele todos nós: qualquer obra de sucesso em cinema
que não anglófona será eventualmente adaptada.
corpo
da crítica
Let
Me In
(e o original) não se esgotam em pulsões sanguíneas ou carótidas
de horror devidas a um filme de género e não se poderá
classificá-lo simplesmente como de filme de vampiros ou como apenas
de terror. O nome titulado refere-se à regra de que os vampiros têm
que ser convidados para entrar em qualquer habitação, mas o leitor
não precisa de um convite explícito para um filme em que os
vampiros são apenas mais um dado secundário do que a espinha
dorsal.
Há
muito mais aqui e o convite para entrar acaba por ser para o de
penetrarmos dentro da inocente história de amor (e de afeição e
profunda e crescente amizade) entre dois adolescentes, Owen e Abby,
ele um rapaz solitário e acossado por bullying
na escola e ela, à primeira vista uma rapariga normal, mas que com o
crescimento da história se revelará como vampira. As relações
pessoais são o mais inocentes possível e o ser vampira é encarado
com uma naturalidade desarmante e pouco habitual em filmes de morder
o pescoço - a um momento Abby usa os seus poderes sobre-humanos para
ajudar Owen e poderá ser que o crescimento encontre aqui uma
excelente imagem para a sua evolução, via perda de inocência por
via de sangue derramado e uma relação (amorosa/platónica, talvez).
Este filme é uma variante à tragédia de Romeu & Julieta, mas
onde esta surge de canino afiado.
Lindqvist
volta a assinar o argumento mas desta feita a meias com o também
realizador Matt Reeves (do magnífico Cloverfield,
2008).
Assumido o remake
substituíram-se os nomes dos personagens para uns que surjam mais
confortáveis ao ouvido anglófono (das duas personagens centrais de
Oskar e Eli para Owen e Abby) e foi também deslocada a acção, de
Estocolmo para o Novo México. Associado a um maior budget
são esperados melhores e maiores sustos ou, ao menos, uns mais
esforçados e credíveis momentos a um filme que já se prolonga em
franchise,
com já uma prequela saída em comic
e uma séria hipótese de sequela. Estreia a 21 deste mês para
apontar as diferenças.
Rafael Vieira, 2010, publicado na Magazine HD n5, de Outubro de 2010, pág. 34 (suplemento Take)
Rafael Vieira, 2010, publicado na Magazine HD n5, de Outubro de 2010, pág. 34 (suplemento Take)
Ficha
técnica ::
título
original :: Let Me In
realizador
:: Matt Reeves
Actores
(3) :: Chloe Moretz, Kodi Smit-Mcphee e Elias Koteas
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