terça-feira, 5 de novembro de 2013

DEIXA-ME ENTRAR (anglo-americano)




intro

O filme anglo-americano Let Me In (2010) não poderia ser introduzido sem lhe referir a ascendência sueca, ou seja, a parelha livro/filme escritos por John Ajvide Lindqvist que lhe serviram de base e com título internacional de Let The Right One In (filme por Tomas Alfredson de 2008 que teve estreia comercial em Portugal sob o nome Deixa-me Entrar). Este é um mais do que assumido orgulhoso remake em que a história e as personagens são adaptadas para o público americano e com ele todos nós: qualquer obra de sucesso em cinema que não anglófona será eventualmente adaptada.

corpo da crítica

Let Me In (e o original) não se esgotam em pulsões sanguíneas ou carótidas de horror devidas a um filme de género e não se poderá classificá-lo simplesmente como de filme de vampiros ou como apenas de terror. O nome titulado refere-se à regra de que os vampiros têm que ser convidados para entrar em qualquer habitação, mas o leitor não precisa de um convite explícito para um filme em que os vampiros são apenas mais um dado secundário do que a espinha dorsal.

Há muito mais aqui e o convite para entrar acaba por ser para o de penetrarmos dentro da inocente história de amor (e de afeição e profunda e crescente amizade) entre dois adolescentes, Owen e Abby, ele um rapaz solitário e acossado por bullying na escola e ela, à primeira vista uma rapariga normal, mas que com o crescimento da história se revelará como vampira. As relações pessoais são o mais inocentes possível e o ser vampira é encarado com uma naturalidade desarmante e pouco habitual em filmes de morder o pescoço - a um momento Abby usa os seus poderes sobre-humanos para ajudar Owen e poderá ser que o crescimento encontre aqui uma excelente imagem para a sua evolução, via perda de inocência por via de sangue derramado e uma relação (amorosa/platónica, talvez). Este filme é uma variante à tragédia de Romeu & Julieta, mas onde esta surge de canino afiado.

Lindqvist volta a assinar o argumento mas desta feita a meias com o também realizador Matt Reeves (do magnífico Cloverfield, 2008). Assumido o remake substituíram-se os nomes dos personagens para uns que surjam mais confortáveis ao ouvido anglófono (das duas personagens centrais de Oskar e Eli para Owen e Abby) e foi também deslocada a acção, de Estocolmo para o Novo México. Associado a um maior budget são esperados melhores e maiores sustos ou, ao menos, uns mais esforçados e credíveis momentos a um filme que já se prolonga em franchise, com já uma prequela saída em comic e uma séria hipótese de sequela. Estreia a 21 deste mês para apontar as diferenças.

Rafael Vieira, 2010, publicado na Magazine HD n5, de Outubro de 2010, pág. 34 (suplemento Take)

Ficha técnica ::

título original :: Let Me In
realizador :: Matt Reeves
Actores (3) :: Chloe Moretz, Kodi Smit-Mcphee e Elias Koteas

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